
Homesickness: “saudade da pátria, do lar e da família, nostalgia”. Essa é a definição do dicionário Michaelis. Ao escolher estudar no exterior, você está optando também por morar longe da família, amigos e de tudo que lhe é mais importante. Como qualquer coisa na vida, estudar fora tem prós e contras, e as saudades são uma consequência da realização de um sonho tão grande.
No entanto, é essencial aprender a administrá-la e diminui-la para que não atrapalhe a sua experiência – porque não senti-la em algum momento é quase impossível.
Você já deve ter escutado histórias de intercambistas que desistiram e voltaram para casa por não souberem lidar com o choque cultural inicial e a adaptação ao novo ambiente. Acontece mesmo. Mas um bom preparo prévio faz toda a diferença.
10 dicas para diminuir as saudades enquanto estuda no exterior
Esperamos que, com nossas dicas, você consiga superar a saudade e entender que esse sentimento faz parte da experiência de estudar no exterior. E que isso significa que você tem uma casa e pessoas que te amam esperando pelo seu retorno!
1. Treine conversação
Perguntamos em nossa conta no Facebook o que mais preocupa os nossos mais de 128.000 seguidores quando o assunto é proficiência no inglês: a conversação ou a escrita. Mais de 80% responderam que gostariam de treinar mais a conversação antes de estudar no exterior.
Isso é significativo. Comunicar-se em um outro idioma é assustador, mas vital ao sucesso da experiência. Ao aterrissar em um novo país, você fará novos amigos, assistirá a aulas, se locomoverá pela cidade, fará compras... Tudo no idioma estrangeiro. Se houver algum bloqueio da conversação, você se fechará desnecessariamente, o que, com certeza, aumenta a sensação de isolamento e, por consequência, a saudade de casa.
Se você ainda tem vergonha ou receio de falar em inglês (ou qualquer outra língua estrangeira), recomendamos que treine bastante e se acostume em comunicar-se antes de viajar. Comece a praticar com quem você se sente mais à vontade. Converse com amigos, colegas, chats online, familiares que também sabem o idioma, até se sentir mais confiante.
2. Faça amizades antes de partir
Atualmente, com redes sociais, sites, tours virtuais, e-mails e todo tipo de ferramenta online, você é capaz de conhecer seus futuros colegas de classe antes mesmo de deixar o Brasil.
Entre em contato com a universidade por meio da equipe de serviços estudantis ou então visite o blog dos estudantes internacionais da sua instituição, cada vez mais comum entre universidades estrangeiras. Peça pelo contato de outros estudantes que começarão na mesma data que você e mande uma mensagem para eles.
Esta atitude exige um pouquinho de proatividade. Para quem é tímido, nem sempre é fácil escrever a alguém que você não conhece. Mas estudar no exterior é sair da sua zona de conforto, não é mesmo? Lembre-se que todos os estudantes internacionais estão na mesma situação e, quem sabe, ficarão gratos de receber a sua mensagem.
Aqui vai um exemplo de mensagem que você pode mandar:
“Olá, meu nome é [SEU NOME] e eu também vou começar o curso Jornalismo na University em Melbourne neste verão. Que dia você chega à Austrália? Eu viajarei no dia [DATA] e seria legal ter uma companhia para conhecer o campus. Você quer visitá-lo comigo?”
Quando menos perceber, terá alguém com quem passar os seus primeiros dias no intercâmbio, que é a pior fase de choque cultural, e não se sentirá tão sozinho. Ter companhia desde início é fundamental.
3. Solicite os serviços estudantis da sua universidade
A universidade que está acostumada a receber estudantes de todas as partes do mundo mantém uma série de serviços de recepção e apoio, desde o translado no aeroporto até orientação para a adaptação ao sistema de ensino.
Antes de viajar, visite o site oficial da sua universidade e descubra quais serviços estão disponíveis para alunos estrangeiros. Eles existem para serem usados, então não hesite em solicitá-los!
Um programa interessante que algumas instituições estrangeiras oferecem é o de Peer Mentoring – algo como “orientação por pares” – que une um estudante veterano voluntário a um calouro para recepcioná-lo, apresentá-lo à universidade, tirar todas as suas dúvidas e ser o seu contato principal sempre que precisar de algo relacionado aos estudos ou à vida no campus.
Quando você estiver no segundo ano do seu curso, pode, inclusive, se tornar um voluntário e ajudar um estudante recém-chegado também, assim como foi orientado no seu primeiro ano. Além de ser prestativo e fazer novos amigos, participar de um programa como o de Peer Mentoring treina liderança e comunicação – duas habilidades atraentes para o seu currículo.
Dois exemplos de universidades com programas de Peer Mentoring:
- University of Queensland, na Austrália: O serviço UQ Mates é uma plataforma que reúne alunos com interesses semelhantes como uma rede social gratuita da Universidade, inclusive com conselhos e orientação para estudantes internacionais.
- Oregon State University, nos Estados Unidos: O International Peer Mentoring Program é mantido pela Secretaria de Serviços Internacionais da OSU para que novos estudantes estrangeiros conheçam veteranos assim que chegarem à Universidade para conversar sobre a experiência de estudar nos EUA, a diferença de culturas, sistema acadêmico, culinária, estilo de vida, etc.
4. Participe da semana de orientação
A Orientation Week - semana de orientação, às vezes chamadas apenas de O-Week – é a primeira semana dos novos estudantes no campus, recheada de eventos e atividades sociais de boas-vindas. Ela acontece antes do início oficial do ano acadêmico para que você se familiarize ao campus, instalações, recursos, professores e colegas de classe.
A University of Sheffield, no Reino Unido, por exemplo, oferece tour pelo campus e pela União dos Estudantes; conversas sobre imigração, abertura de conta bancária no país, gestão financeira e cultura britânica; noites de quiz; churrascos e karaokê; jogos e aulas de artesanato; partidas esportivas e sessões de cinema.
A University of New South Wales (UNSW Sydney) tem sessões de orientação sobre desenvolvimento de habilidades profissionais e acadêmicas; boas-vindas com o corpo docente para você conhecer seus professores; tutoriais online sobre o uso de recursos da Universidade; atividades diferentes organizadas pelos próprios estudantes veteranos, etc.
Participar da O-Week te mantém ocupado na semana em que a saudade costuma se manifestar mais forte. Ao estar rodeado de pessoas, aprendendo coisas novas e se familiarizando com o novo ambiente, a adaptação tende a ser mais rápida.
5. Frequente os eventos sociais e atividades extracurriculares da universidade
Não é só durante a semana de orientação que há atividades e eventos sociais pelo campus. A vida universitária fervilha de opções. É só você estar aberto às oportunidades e disposto a participar, mesmo que isso te tire da sua zona de conforto.
A União dos Estudantes (Student Union), algo especialmente comum nos Reino Unido, organiza um calendário completo de atividades ao longo do ano, de noites de cinema ao ar livre a shows de artistas internacionais. Siga o perfil da sua universidade e União dos Estudantes nas redes sociais para ficar por dentro de tudo que acontece no campus.
Há inclusive grupos de apoio aos estudos, com sessões extras de matemática, redação ou até mesmo conversação, se isso ainda te preocupar. Você pratica de graça com tutores da Universidade e faz amizades com os outros estudantes da turma.
6. Escolha o seu clube ou sociedade estudantil
A Sociedade de Teatro da Swansea University, no Reino Unido.
As universidades internacionais do mundo todo, como Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, têm uma forte cultura de trabalho em equipe, atividades extracurriculares e desenvolvimento de hobbies e habilidades.
Essa cultura se manifesta em especial nas dezenas de clubes e sociedades estudantis das universidades, que abrangem todo tipo de interesse e passatempo, como esportes, fotografia, política, religião, canto, debates e até mesmo Harry Potter e Game of Thrones.
Você pode escolher qual combina mais com seus gostos e objetivos e se unir gratuitamente. Os clubes e sociedades realizam encontros periódicos, para treinar, praticar, se preparar para apresentações ou simplesmente conversar sobre um assunto em comum.
As universidades acostumadas a receber alunos estrangeiros têm também sociedades específicas para estudantes internacionais. Essa é uma excelente forma de sentir-se parte de um grupo e fazer amizades com pessoas do mundo inteiro que passam pela mesmo situação que você.
Se não houver nenhum clube ou sociedade do seu interesse, a maioria dos instituições dá a liberdade de você criar um novo grupo a qualquer momento.
7. Mantenha-se em contato com familiares e amigos
Embora o contato direto e constante possa reforçar a dependência emocional e desacelerar o seu processo de adaptação, é importante manter uma rotina à distância com a sua família e amigos no Brasil a fim de ajudar a amenizar as saudades de casa.
Eu, por exemplo, quando morei nos Estados Unidos, criei o costume de mandar um email para minha mãe todas as manhãs antes de começar a trabalhar, mesmo que não tivesse nada de novo para contar. Isso faz com que a sua família se sinta incluída na sua experiência e você mate a saudade de conversar com quem mais ama.
Uma boa dica é marcar um horário semanal fixo para uma chamada de vídeo e colocar a conversa em dia sobre a sua semana.
Hoje em dia, com Facebook e as stories do Instagram, vai ser como se todo mundo estivesse vivenciando a experiência com você. Isso é muito gratificante e diminui a sensação de solidão, mas cuidado para não criar um vício nas redes sociais!
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8. Faça amizade com o seu roommate/host family
Com exceção de quem escolhe alugar um imóvel sozinho, em todos os outros tipos de acomodações estudantis, você compartilhará o seu novo lar com alguém. Nos residenciais universitários, você terá um ou mais colega de quarto (roommate); na homestay, morará com uma família nativa.
Morar com alguém já é uma ferramenta poderosa contra a saudade e a solidão. Aproveite a oportunidade para criar uma boa relação com quem você divide a sua acomodação: faça suas refeições juntos, saiam para passear, demonstrem interesse pela cultura e costumes um do outro, dividam as tarefas da casa, etc.
O roommate ou a host family tem o potencial de se tornar a sua família no exterior, aquela pessoa com quem você possa contar sempre que precisar.
9. Pratique uma atividade física
Partida universitária na Cardiff University, no Reino Unido.
As universidades internacionais quase sempre têm algum tipo de ginásio ou instalação esportiva com diversas oportunidades de praticar esportes e atividades físicas, como academia e aulas de exercícios em grupo.
Fazer parte de uma equipe esportiva é uma das manifestações mais genuínas da sensação de pertencer – de ter um objetivo em comum e trabalhar em conjunto para atingi-lo.
Mesmo que você não curta esportes em equipe, tente manter a prática regular de alguma atividade física, como corrida, natação ou ioga. As vantagens vão muito além da saúde física: você espairece, se mantém focado, ajuda na saúde mental, recarrega as energias, entre vários outros benefícios.
Ah, e não precisa ser apenas esportes: se a religião for algo forte na sua vida, encontre uma igreja, centro ou culto próximo de você, por exemplo.
10. Não tenha vergonha de pedir ajuda
Quando eu me mudei para ser au pair nos Estados Unidos, as minhas duas primeiras semanas foram muito difíceis. Eu sentia saudades de casa e chorava regularmente. Até que um dia, pedi ajuda à minha host mom. Fui sincera e disse que estava com dificuldade para me adaptar. Imediatamente, ela mandou um email para a orientadora de au pairs da nossa região e na mesma noite eu já tinha um convite para passear com outras intercambistas que moravam por perto. Foi assim que eu conheci as amigas que seriam a minha família longe de casa por 18 meses.
Eu tenho absoluta certeza que se eu soubesse dessas dez dicas e tivesse entrado em contato com brasileiras da região antes mesmo de viajar, a minha adaptação teria sido mais tranquila. O que me ajudou foi pedir ajuda!
Não há nada de errado em sentir o choque cultural e precisar de um tempo para se acostumar ao novo ambiente. Apenas tenha consciência de que você não precisa sofrer sozinho e há diversas pessoas dispostas a te ajudar, seja a equipe da sua universidade, outros estudantes, a sua host family, etc.
E entenda: isso vai passar!
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